quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Tsunami

Todas as minhas esperanças estão em você. É uma pena a distância nos separar tão incisivamente. Mas talvez seja ela, dessa maneira, a razão de ser você o destino de minhas esperanças. As coisas ordinárias me circundam e não consigo arrancar nada de especial delas. Alguns estão sozinhos em outras cidades, viajando em outros países, concursados com empregos relevantes, ou qualquer coisa do tipo. Entende? Coisas que tornam nossas vidas especiais. É esse o meu desejo! Algo especial, propiciador de novos horizontes, lugares, culturas, vivências, sentimentos. Um novo paradigma!

Diante da minha vida hodierna talvez a mudança de solteiro para amante platônico, ou quem sabe amante sazonal seja, não toda essa imensa novidade que ambiciosamente desejo, mas, o princípio de uma mudança produtora dessa, tão aguardada, tsunami. Essa onda gigantesca contra a qual me resguardei tanto e me preparei para enfrentá-la. Foram tantos muros, diques, calhas e reservatórios anti-enchentes preparados que as ondas normais com sua leveza, branca espuma e som reconfortante perderam a relevância. Dificilmente as ouço ou as vejo daqui de dentro.

A cidade é um forte evadido agora! Talvez seu protótipo de tsunami não o destrua por completo, permitindo o surgimento de uma nova sociedade voltada à coletividade e à doação mútua, no entanto, com certeza tem chances de enfraquecer as barreiras, possibilitando o repovoamento e dando voz e brilho as marés baixas novamente.


OBS--> A música desse post é Como se o mar de NAndo Reis.Mas ele não está no youtube
então estou colocando este link para que possam ouvir e colocando outra música do
Nando pra não deixar o post sem vídeo. Abraço



terça-feira, 22 de setembro de 2009

A morena que roubou meu coração numa tarde

"Como lembrar de você e não sorrir
Como falar de você e não cantar
Como saber se é certo sonhar com você"

Estava tudo pronto para a volta era meu último dia naquele resort. Tinha ido passar as férias lá junto a minha mãe e conhecera um grupo bom da mesma idade que eu. Salvo engano eram duas meninas e um garoto. Passávamos o dia zanzando pelas dependências do hotel e a noite nas festas e eventos organizados também pelo hotel.

No entanto, o relevante da história é na verdade a. Voltava, junto com meu amigo, de mais uma manhã nas piscinas no ônibus do resort, gratuito a cada hora, e a vi. Era uma morena linda com traços orientais, mais ou menos da minha altura e de cabelos negros e molhados. Na verdade eu vi e me detive a princípio na amiga dela, que fora mais simpática as minhas brincadeiras. Marcamos de nos encontrar todos na boate ao anoitecer, onde conversaríamos melhor e mais intimamente.

À tarde eu voltei ao complexo aquático e para minha surpresa encontrei as duas garotas novamente, porém dessa vez a morena estava tão imensamente linda que não a reconheci, até porque havia conversado mais com a amiga dela, a princípio mais bela. Não tenho nenhuma recordação de onde estava o chão daquela banca de revista quando a encontrei lá dentro. A mulher estava com os cabelos arrumados e soltos, um sorriso insinuador no rosto, uma roupa leve que balançava com as investidas do vento e escorreu pela porta de saída, depois de algumas poucas palavras, graciosamente.

Cheguei ao apartamento, tomei banho para retirar o cloro do corpo e me deitei um pedaço, visando à noite por vir. Acordei, tomei novamente banho e me vesti. Antes da boate encontraria o pessoal num evento do hotel, que fui acompanhado de minha mãe. Mal cheguei encontrei o pessoal e já estava louco pra sair. Ficamos naquele impasse, mas depois de um tempo conseguimos partir em direção as piscinas. Fomos os quatro, meus amigos e eu. Chegando às piscinas ouvi ao longe o som de um violão, começara então a série de desencontros.

Até então tudo era desencontro, afinal fazia três dias que eu rondava aquelas piscinas dia e noite e não a encontrara até esse dia, logo o último. Mas também, nesse dia somente, eu a havia encontrado duas vezes seguidas. Como era possível? Não sei! Como eu não a tinha notado antes? Não sei!

O som do violão me atordoou. Corri carregando o grupo inteiro para a roda de outros jovens que ali tocava. Lá ficamos um bom tempo tocando e falando besteira. Até que no meio de uma música me veio à cabeça a imagem da morena. Como eu podia tê-la esquecido? Já estava na hora da boate e eu não tinha percebido. Larguei o violão na mão do dono, que mal conhecia, e sai correndo sem dizer nem um mero tchau a meus amigos. Cheguei à boate e lá estava ela, dançando numa roda de amigas. Entrei como se nada tivesse acontecido e comecei a conversar com elas. Com pouco tempo o meu amigo, presente no ônibus quando as conheci, chegou e se integrou ao grupo.

Tudo estava ótimo até as meninas, que passei maior parte do tempo nesses três dias, chegarem dizendo que pegariam o ônibus para o hotel, pois o vôo delas sairia agora de madrugada. Novamente sem dar tchau, sai da roda das garotas novas, incluindo a morena, e fui deixar as minhas amigas na saída do ônibus. As deixamos e poucos segundo depois veio o estalo, “CADÊ AS GAROTAS?!”. Corremos o complexo inteiro de cima abaixo sem sucesso. Tristes, paramos perto do ponto de saída dos ônibus e depois de nos conformarmos achando que não as veríamos mais, viramos para trás e lá estavam todas na lanchonete. Provavelmente, assistindo de camarote o nosso desespero atrás delas e há essa hora já não éramos tão interessantes como a princípio, estávamos mais para garotos imaturos.

Entramos e sentamos. Era fascinante o poder que ela tinha sobre mim. Eu só conversava com ela, trocava algumas meras palavras com as outras. Depois de alguns assuntos elas anunciaram que partiriam. Ainda tentamos pedir que ficassem algumas pareceram aceitar o convite, mas a mais velha ordenou que fossem pra os apartamentos. Em meio a dois beijinhos me despedi dela e nunca mais a vi.

Apaixonei-me por um intervalo de uma tarde e parte da noite, com três meros encontros casuais. No outro dia pela manhã antes de ir embora, pensei ainda em passar no hotel dela e deixar um bilhete, pois em nosso primeiro encontro a vi descer do ônibus, todavia eu não tinha o número do quarto e minhas descrições poderiam não ser suficientes para o recepcionista. Voltei para Brasília. O meu coração ficou com ela em Caldas Novas. Só me restou à lembrança do beijo que nunca provei e da imagem de uma das mulheres mais belas que já vi na vida.



VARCELLY

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Dama

"You know, I used to dream about this when I was a little boy
I never thought it would end up this way,
It's kind of special right? yeah
You know, you think about it
Sometimes people just destined
Destined to do what they do
And that's what it is"


Tudo começou mais ou menos assim, coloquei mais um post no blog, porém acompanhado de um convite extensivo a todos que o vissem, que era

“PS: Gostaria de convidar a todos pra se possível irem prestigiar o grupo de dança de rua BR, do qual faço parte, no evento Charivari esse sábado,início às 18e30. Ainda não sabemos de que horas vamos nos apresentar,mas vão ter outras coisas muito legais por lá,então cheguem cedo e aproveitem e nos vejam com certeza. Ele será realizado no Museu Câmara Cascudo. Qualquer informação olhar google.kkkkkkkkkkkk Abraço”

Pois é. O que tem demais? O grande diferencial disso é que ela foi me ver. Quem é ela? Não sei ao certo. Só a conheço de algumas palavras mal trocadas. Nunca nos vimos ao vivo. E como poderá perceber, não foi dessa vez que eu tive esse privilégio.

Eram sete horas da noite do sábado, eu me preparava para entrar no Museu onde me apresentaria juntamente com o grupo. Em meio à euforia de pessoas passando, a animação de apresentar uma coreografia totalmente feita com a participação de todos os integrantes e os cumprimentos dos conhecidos, algo estranho me aconteceu. Tive a ligeira sensação de estar sendo observado fixamente. Tentei ser discreto, o que definitivamente não é meu forte, e procurei em cada recanto daquela balburdia a origem de tal sentimento. Ela parecia está localizada em uma distância bem segura ou então percebera meu movimento brusco em busca do olhar dela, passando completamente despercebida.

Ela conhecia finamente meu gosto e havia se produzido seguindo-o a risca, talvez intencionando ser descoberta ou receber uma investida, desavisada, minha. Mas o fez com tal maestria a ponto de se camuflar em meio a outras mulheres tão bem vestidas e arrumadas quanto ela. Dessa forma o destaque só aconteceria quando ela quisesse, pois quando estivesse detendo maior parte do meu campo de visão, tinha absoluta certeza, as outras desapareceriam por completo. Gosto dessa convicção dela!

A sensação de estar sendo observado me acompanhou a noite inteira. Aproveitando e tomando tal sentimento como brincadeira, dancei como se ela fosse a primeira da fila, ofereci-me em cada movimento. Enquanto os míseros dez minutos passavam continuei vasculhando todos os olhares em busca do que havia me congelado a espinha. Nada! Não sei se foi meu empenho insuficiente ou o disfarce dela muito bem sustentado, pois não consegui identificá-la.

Enfim, estava já cansando desse procura e comecei a cogitar a possibilidade de tudo não passar de uma peça aplicada por minha mente. Desci as escadas até a rua olhando para o chão, reflexo de meu cansaço, em seguida, levantei a vista em direção ao outro lado da rua onde se encontrava um carro preto, ela me olhava fixamente encoberta pela fraca luz amarela do poste. Linda! O salto lhe torneava as pernas, o vestido elegantemente fazia o mesmo com o corpo e uma leve e desavisada brisa trouxe-me a fragrância marcante do perfume dela. Mal pude ver suas feições, mas consegui distinguir um sorriso de vitória no rosto, onde estavam escritas todas as suas fugas e o ar poderoso de ter me usado a noite inteira.



VARCELLY




terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ecos

Sensibilidade,
Salão principal do purgatório
Que permite o paraíso e o inferno com a mesma destreza

Os fatos surgem independentes de nossa vontade
O tempo em que ocorrem e as catástrofes ou delírios resultantes é que não.
Essa relação é maquiavelicamente por ela mediada.

As palavras voam em nossa direção
Proferidas casualmente
Ninguém se ofenderia ou se apaixonaria por elas assim
Estão nuas, sem maquiagem ou,
Por muitas vezes, são atores inexperientes em primeira encenação

Então, elas são absorvidas e metodicamente reproduzidas.
Ela delimita e harmoniza as ondas
Frisa as pausas
Destaca os adjetivos,
Dando-lhes efeitos visuais além dos sonoros.
Reentoa, destoa, controverte.

A princípio aparenta ser essa conversão tardia,
Mero engano!
A velocidade de processamento evita qualquer tipo de delay.

A platéia assiste a tudo atônita.
Em poucos segundos a fonte das palavras se perde
A quem devemos responder?
Será a conversa interpessoal ou intrapessoal?

Não é possível saber.
Só conhecemos os reflexos
Aperto no peito,
falta de ar
taquicardia
mãos geladas
ecos esquizofrênicos!

As ruas passam rápido,
Ao longe surgem outras conversas alheias ou não a nós,
Tanto faz!
Não temos espaço para mais pensamentos, reações.
Tentamos desesperadamente calar os ecos
Ou nos embrenhamos tanto no universo magnífico por eles criado
Que sons exteriores são completamente ignorados

Só desejo
que havendo ecos em vocês
sejam ao menos os positivos.


VARCELLY

BONS


RUINS

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A minha saudade

A minha saudade
É um monstro sorrateiro
De fonte conhecida
Mas de expansão inexplicável

Desconheço quem lhe fornece as chaves da casa,
avisa onde estão minhas roupas
ou ensina a maléfica forma de dispor os lençóis

O que me é permitido perceber
É a sua presença impregnada na mobília dos cômodos vazios
O doce aroma e o calor de minhas roupas imundas e frias
A deformidade profunda do colchão invariavelmente plano

Ela agora suspira em meu ouvido morosamente
Manipulando meus pensamentos
Reclina meu corpo
Dobra minhas pernas
Deita-me
Já não restam muitas opções

Deixo-me consumir


VARCELLY