quarta-feira, 10 de março de 2010

Elle (Elle - 01)

Obs-> Opa, tudo bem? To passando rapidinho aqui antes do post pra apresentar Elle, que é um personagem meu criado no ano passado e já com alguns textos. Pensei em criar um blog pra ele, mas a produção parou e a idéia também. Espero que gostem, porque assim eu me reanimo pra escrever sobre Elle.heheh
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Eram três e meia da manhã de um dia qualquer da semana. Elle tentava continuar dormindo, entretanto a cama parecia insatisfeita com essa idéia. Nos últimos tempos à noite ela lhe dava dores nas costas. Estranho era isso não acontecer durante os cochilos vespertinos. A cama aparentava estar a esperar outro corpo no lugar do de seu dono.

Levantou-se com as costas doloridas. Não se espreguiçou, afinal objetivava continuar dormindo, se não na cama em outro lugar qualquer. O lençol já o cobria apenas parcialmente quando terminou de escorrer em direção ao chão, desnudando a maior parte do corpo. Noites de inverno depois da chuva, sinônimo de ausência de vento. Além da dor nas costas o calor também o fustigava, apesar da pouca roupa.

Andou em direção a cozinha sem acender uma luz sequer, não podia espantar o sono, as paredes o tangiam como cães-guia, lentamente nos seus momentâneos 80 anos ia arrastando os pés, por preguiça de levantá-los, e meio corcunda. Venceu o corredor e a sala e chegou à cozinha onde preparou um grande copo de água gelada. O seu corpo agradeceu cada gota.

De longe era possível vê-lo, jovem, agora esguio, ainda de olhos fechados, vestido apenas de seu short, saboreando os poucos mililitros de água ainda presentes em seu copo. As últimas gotas adormeceram nos lábios. Uma mais audaciosa escorreu pelo canto, fez a volta no queixo e não agüentou ir muito mais longe, morreu no pescoço.

Enfim, problemas solucionados? Não! Pelo contrário. Sim, suas costas deixaram de doer, uma vez concluído o afastamento da arqui-inimiga cama. O calor estava amenizado. Porém, a mesma que cura é a própria doença, a água o despertou e trouxe algo muito pior, os devaneios.

Parou para pensar e já era tarde, não havia mais para onde correr, a moça estava estabelecida, com casa, roupa e um gasto mensal de quinhentos reais de feira. Complicado. Por um momento se arrependeu de ter saído da cama para molhar os lábios, sucumbido por um pensamento repentino sussurrou: amanhã hei de molhar os lábios dela.

Esperou o dia amanhecer e marcou hora com a psicóloga, aquilo era anormal e tinha de resolver rápido. Tomou banho, vestiu-se impecavelmente como de costume, alguns jatos de um perfume marcante e, pronto, estava na rua. Desceu a pé três quadras e cruzou avenidas, aproximadamente quinze minutos depois chegou. A aparência continuava impecável, o sol havia dado uma trégua e, visando ter o máximo de tempo possível para sua terapia, Elle marcou a consulta bem mais cedo do que o usual. A terapeuta recebia os pacientes em casa e aceitou passivamente o horário, apesar de achá-lo excessivamente matinal.

Apresentou-se no portão ao porteiro, o qual após um telefona à doutora, deixo-o subir. Andava em direção aos elevadores enquanto o porteiro conversava com outro funcionário do prédio acerca da convicção daquele rapaz ao entrar no prédio, a certeza era tanta que transparecia no andar.

O tempo parecia não passar e o mostrador retroceder, ampliando a ansiedade. Enfim o estalo tão esperado. A porta se abre. Décimo segundo andar. O hall é espaçoso e repleto de poltronas de espera. Já conhecia tudo ali, passara um tempo consultando-se com ela, nenhum grande problema, era mais para ter com quem conversar livremente. Algo como “se não confia em ninguém pague por confiança”. Tocou a campainha.

Ela estava linda como de costume. Era grande a intimidade dos dois, por isso ela já não o recebia mais tão formalmente. Olhou-a, sentiu os traços finos de seu perfume, existia uma janela do lado oposto à porta de onde vinha a brisa carregadora do perfume dela. Abraçaram-se e novamente ele a olhou. Sentaram-se na sala. Ela pegou copos d’água e biscoitos. Em seguida, o interrogou sobre a razão de sua volta, já que combinaram de sua alta há tempos atrás. Elle sorriu e se sentou no chão onde costumavam realizar um tipo de dinâmica para relaxar antes da consulta. Ela de pronto sentou-se também e começaram o jogo.

Depois de dez minutos repletos de sorrisos. Elle levantou e lhe estendeu a mão. Segurou-a pela cintura e pela mão e endireitou a postura de ambos. Ela sorriu, não entendia muito a razão daquilo na sala. Enquanto ela estava imersa em pensamentos, puxou-a contra o corpo e seus rostos estavam agora em contato. Ao tentar colocar a mão na cintura de seu parceiro ela a descansou no cós da calça dele, Elle em meio a sorrisos disse que aquilo era assédio. A mão dela terminou de descer. Elle descansou a cabeça no ombro dela e os lábios em seu pescoço e subiu em direção a boca enquanto a postura de ambos se desarmava...


VARCELLY

2 comentários:

  1. Final surpreendente...muito bom o texto, o autor deve ser muito bom também...

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  2. nháaa!!!
    Adorei muito esse texto!
    XD

    Espero que se sinta instigado a continuar essa história mesmo. Digo de antemão que ela tem potencial, vai ser bestseller!
    kkkkkkk...
    Você já sabia disso né?!
    Que bom que vai voltar a escrever a história dElle!
    ^^

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