quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

DES encanto





Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira


Encanto

Eu faço versos como quem chora
De devaneio... de dez encantos...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de riso,
Riso de tanto...

Meu verso é sangue. Ternura ardente...
beleza que passa...e os remorsos vão...
Acende-me nas veias. Amado e quente,
Preenche, gota a gota, o coração.

E nestes versos de fantasia louca
Assim dos lábios a vida se forja,
Deixando um doce sabor na boca.

- Eu faço versos como quem goza.


VARCELLY

Ps-> Essa texto, que é uma heresia (Bandeira é um dos meus poetas preferidos e esse foi o primeiro texto dele que gostei),marca o fim da temporada 2009 do blog. hehe Sinceramente, nunca imaginei que chegaria a tanto. Mais de 2500 acessos, 65 textos, muitos comentários e brincadeiras. Compartilhar meus textos e pensamentos com vocês foi além de uma diversão uma honra e agradeço a todos que tiveram a paciência de ler. Agora vou dar um tempo e voltar provavelmente no começo de fevereiro com muitas histórias e linhas de raciocínio duvidosas. kkkkkkkkkk A não ser que eu não aguente e volte antes. Cheiro grande para as mulheres e abraço para os homens. Feliz natal e ano novo. ^^

VARCELLY




quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Expressão

Já possuiu alguma vez um pensamento tão forte, tão enraizado em seu cérebro, que ele viesse a se expressar no seu corpo? Ah não,não! Nada de atos espontâneos e premeditados. Do tipo: estou feliz vou sorrir. Eu me refiro aquele sorriso que escorre do canto da sua boca enquanto você encara a boa nova pensando está com a cara mais lisa do mundo. Ou melhor, ainda mais profundo, por ser tão inesperado, você nunca nem se quer pensou ser tal pensamento passível de expressão em feições corporais. O que? Como perceber? No meu caso, perceberam pra mim. Eu morreria sem saber. Qual é o pensamento? Igualdade!

O que é Igualdade pra você?
Algo estável?
Equilíbrio?
Deus?

Igualdade para mim é simples, é simplesmente Tudo! A Terra tem a forma que tem, porque permite mais estabilidade a ela, por igualar os fatores que a influenciam. Deus nos criou sua imagem e semelhança e disse “Amarás o teu próximo, como a ti mesmo”, ah tá, vou traduzir, Igualdade! A tá, faltou traduzir a parte da imagem e semelhança, não foi? Ok! Igualdade! Deus nos criou para sermos iguais a ele e isso não impede que tenhamos devoção e amor por ele. Lógico que não seremos Deus. Mas somos filhos, parte dele, somo iguais a ele, e mais, somos definitivamente iguais entre nos mesmos.

Assustam-me pessoas pelos cantos se dizendo mensageiras de Deus e dizendo que são Mais do que qualquer um. Por que? Sua mãe o ama porque você traz o vasilhame de água pra casa e lava a louça, ou simplesmente por você ser igual a ela, parte dela? A mãe de um delinqüente totalmente desvirtuado, deixa de o amar por isso? Isso é igualdade! Isso é Deus! Por isso, um dos homens mais espirituosos e admiradores de Deus que eu conheço se diz ateu e afirma que Deus não existe, mas é detentor de uma sabedoria de igualdade gigantesca... xiiii, não contem a ele.

Ah sim, o motivo do texto, não é? Qual foi a expressão que viram. Eu tenho vários tics de dança, e como bons tics não são bem-vistos numa coreografia onde supostamente todos deveriam ter os mesmos movimentos. Limpando uma coreografia nesses dias, alertaram-me que em alguns movimentos unilaterais eu lanço o corpo primeiro para o outro lado...



VARCELLY


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Relato de sábado preguiçoso


É de manhã. Acordei com preguiça e minha voz ainda está enrolada. Normalmente ela acorda em sociedade com meu despertar psicológico, não com o físico. A janela do quarto está fechada e não há muito vento circulando, todavia, meu corpo não reclama da temperatura. Quando acordo e não me movimento muito é como se me adequasse ao local, provavelmente a noite fria que gelara o piso e alguns compartimentos do quarto ajude na manutenção da temperatura agradável, mesmo estando tudo fechado.

Estou com vontade de escrever algo diferente. O problema agora é só a falta de idéias. E como é mais fácil encontrar uma ladeira do que ela surgir do nada no plano, estou tentando me manter em movimento, quem sabe a encontro e desço idéia a baixo.
.
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...
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.....
......
........
..........
............
Há alguns meses atrás conheci uma garota, que pelo nome que vou dá-la vai parecer mais lenda urbana do que qualquer outra coisa, passadillo. Na verdade não a conheci, só a vi algumas muitas vezes. Na verdade nos vimos. O que mais? Só isso! Por que é divertido? Porque eu me sinto no Neves quando eu fazia a quinta série. Não no mesmo nível de intensidade, mas nessa época eu trocava olhares e alguns abraços casuais com uma morena lindíssima e já era o bastante. Passei o ano inteiro apaixonado. É eu sei, eu era bem romântico. Isso porque não contei sobre a carta que fiz pra ela e mandei alguém entregar, cheia de bla bla blas. Viu? Não? Isso é o divertido! Lógico, não estou nem perto de morrer ou de ficar vegetando pelos cantos por trocas de olhares, mas é uma brincadeira saudável, há tempos estava extinta para mim, até porque, nas correrias de festa e afins, sou péssimo para perceber olhares na multidão, quando existem, pois pra mim se não vejo não existem.

É, pois é, é isso! Nada extraordinário. Só um relato preguiçoso de sábado de manhã.


VARCELLY

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

COISA DE GENTE grande

Não é de hoje que desconfio da fase adulta de nossas vidas. É um momento muito lúcido e determinado, cheio de coisas grandiosas. Ah, sabe como é, conversa que não é pra criança, tem que ser adulto pra entender.

Acho engraçado o fato de todo adolescente, principalmente, e criança , algumas, reclamarem do fato de não serem ainda adultos, que é muito chato não poderem fazer as coisas e bla bla bla. Talvez se tivessem a oportunidade de provar um pouquinho, antes da transferência irremediavel a tal fase, essa visão fosse diferente. Não, não vou me referir ao famoso clichê estúpido de “Ah aquilo era tempo bom, eu não fazia nada!” e afins. Isso é coisa de preguiçoso! Nossas atividades e deveres são subsidiários de nossos direitos e isso é fantástico, pode ser pesado às vezes, ou na maioria delas, mas é fantástico. Meu ponto é mais profundo. É o comportamento das pessoas.

É difícil você vê uma CRIANÇA sendo falsa e dissimulada. Se encontrar, pode ir atrás, foi ensinamento de algum adulto. Você não vê uma CRIANÇA fingindo que gosta do menino estranho. Ou gosta ou não. E se está sentada brincando lá a força, foi por ordem de algum adulto, algo como uma coação irresistível. Os sorrisos das CRIANÇAS são sinceros, os abraços mais ainda... não são dominadas por uma substância chamada libido... não possuem uma conduta finalista, ou maquiavélica, colocando seus objetivos acima de tudo independente dos meios para alcançá-los...

O adulto, às vezes, parece mais um adolescente prepotente e cheio de si por ter conseguido certos embasamentos monetários, legais e sociais. Cada dia que passa, eu vejo mais a frase “Postura (coisa) de gente GRANDE” como algo em sentido figurado, pois quem tem postura, que deveria ser dos grandes, são os PEQUENOS.

Ah, sabe como é,não é? Coisa pra adulto! Uma CRIANÇA nunca entenderia esse emaranhado de coisas ruins que os "grandes" teimam em fazer pelo "bem" dos outros. Se eu voltasse no tempo hoje e ouvisse "é assunto de adulto!" eu diria " Eba,tchau! Não quero desaprender como é ser GRANDE!"


VARCELLY


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Vaso de origami

Água, grande parte constituinte do meu corpo, parece ser para mim bem mais que isso. Não existe estado de mal-humor implacável perante suas correntezas, é como se esse humor fosse um vaso sem água, estressando a planta que carrega. Se o vaso sou eu, a planta seria minha alma.
Interessante é, porém, o fato, sou um emaranhado complexo e infinito de palavras. Essas são minha pele, meus olhos, meus pensamentos. Meus textos não passam de escorões dados em uma superfície limpa e clara suficiente para que possam ser transcritos. E quanto mais me molho mais fácil tinjo os lugares ou até mesmo minhas roupas.
Unindo esses parágrafos citados chego a um veredicto, sou um vaso feito de jornal, adornado por uma flor e apoiado em um canto qualquer.
Quando há estiagem, sofro por completo. Minhas folhas ressecam e se retorcem, e a flor, sem seu substrato e ainda sufocada pela minha deformidade, também. Nesse momento não há escrita, apenas ranhuras no corpo da flor causadas pelas formas pontudas e agressivas criadas no jornal. É como um preparatório para uma batalha sangrenta, na qual existe a possibilidade de tortura, antecipa-se inconscientemente essa, visando evitar catástrofes maiores à frente. O problema, todavia, é que o papel de autotorturador é cruel, pois qualquer dano de mesma intensidade causado por terceiro dói mais do que o causado por si próprio, ou seja, és o mais maquiavélico dos carrascos. Tudo pela possibilidade fútil do “sei quando não poderei mais agüentar e não pretendo chegar até lá!”. Mero engano. Já cruzaste esse limite várias vezes.
Quando chove são várias as possibilidades.
Chove e todo o meu conteúdo é preenchido. Minhas folhas são novamente hidratadas, somem os espinhos e a flor se ergue, passada a chuva, em busca do sol. Como todo bom vaso de origami, a água colocada dentro de mim me preenche e não vasa, nem danifica minha integridade, ou seja, além de renutrido de alma, estou apto a imprimir ou me transcrever. E por muitas vezes são assim os dias, o nível de água oscila entre valores aceitáveis e passíveis de serem sanados com uma dose diária de banho, digo, de irrigação.
Isso acontece porque todas as possíveis estruturas que suportam o vaso são móveis, permitindo uma distribuição desigual de água às sessões do vaso. As sessões sobrecarregadas ficam, momentaneamente, passíveis de maior transcrição. A transcrição é um método eficaz da retirada do excesso, apesar de lento e em alguns momentos doloroso. A tinta suga a água e a carrega para o meio onde serão impressas, papéis, paredes, rostos... Quanto mais a tinta saí, mais água a acompanha e se restabeleci o equilíbrio.
O que te fortalece é também o teu maior ponto-fraco. A água, dona de toda essa vida transbordante e preenchedora, é dona de uma voracidade e de uma força descomunal capaz de destruir casa, cidades, estados e vasos de origami. Basta uma tormenta considerável e o benefício se transmuta em malefício. As primeiras investidas laceram a base do vaso, a umidade excessiva enfraquece a estrutura e estimula a saída desordenada da tinta, em poucos segundos são perceptíveis traços irregulares espalhados pelos arredores como manchas de sangue. O vaso, agora, se rompe, e suas laterais caem por cima dos rabiscos, imprimindo essas sensações caóticas. A flor ainda tenta se manter de pé por alguns segundos, entretanto, despenca quicando em meio aos destroços. Nesses traços há de está escrito,dentre outros termos,algo assim
"Se existe alma, se há outra encarnação
Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão
Não quero flores, nem coroa de espinho
Só quero choro de flauta, violão e cavaquinho"
Ser um vaso, ao final das contas... com a possibilidade das tormentas, sempre haverá uma mão habilidosa e equipada para secá-lo, redobrá-lo e curá-lo.


VARCELLY


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pinóquio

Sinto-me estranho
Acho que isso é o que muitos chamaram de vazio
E, por diversas vezes, alertaram-me
No entanto, não acho que seja vazio

É como se surgisse uma vontade de ter algo mais que desejo
Não necessariamente partir direto,
Saindo do zero para a paixão idiota
Na verdade é sentir algo diferente pulsar

Não desejo uma Ferrari para cruzar o mundo
Apenas ter o dinheiro para comprar o carro e cruzar o mundo
Se assim desejar
Entende?
É a existência ao menos de uma possibilidade

Não tenho possibilidades
Minha conta bancária está negativa
Estou devendo a torto e a direita
E se engana quem pensa que seja a terceiros

Sem créditos
Nada mais sou do que um extremo
Outras pessoas aproximam-se pelo desafio,
Crentes de serem a alavanca perfeita,
A fonte geradora da mudança,
Ou pela tentativa de ganhar algum crédito
Não existe meio termo
Entregam-se ou passam a odiar o objetivo não alcançado

Amizades novas são bem complicadas de conseguir
Pois há essa imagem inóspita
Mas deve haver ainda um garoto ai dentro,
Esperando momento certo para reverter tal situação.


ps--> Calma, calma! Sem teorias.Só um texto feito pra música!kkkkkkkkkkk




VARCELLY

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Reciprocidade

“Reciprocidade qualidade de recíproco.”
“Recíproco que implica troca, mútuo”
Houaiss


Quem um dia por em prática idéia tão hipotética
Merecerá de fato um prêmio
Pois, entende-la é fácil
Todos nos entendemos

O que seria uma troca recíproca?
Quantos beijos não apaixonados pagam um apaixonado?
Quantos abraços falsos equivalem a um verdadeiro?

Isso é de extrema relevância!
Uma vez que ao recebermos algo,
Mesmo inesperadamente,
Fornecemos algo em troca
Independente de nossa vontade

Independente sim!
Sendo até mesmo aquele sorriso de deboche
Uma devolução
Não recíproca, no entanto.

Reciprocidade
O tanto que venho tentando
Colocá-la em prática
Não vale nem para o R.


PS-> velha tempo, velha história...hoje temos RE.
Não é o maior avanço do mundo,mas é de uma significância
inestimável.


"Sentindo a sensação da sua alma sendo purificada por inteira"
Com certeza - Planta i Raiz

Liberta-nos!

VARCELLY


terça-feira, 3 de novembro de 2009

O complexo cárdio-energético

O amor é a carga máxima de uma bateria chamada desejo, que ocasiona a mudança dessa de receptora de energia para fornecedora.

Quando alguém está conhecendo várias pessoas e se relacionando com elas, qualquer energia acrescida a essa bateria é rapidamente descarregada e dificilmente o amor surgir. Cada vez que se deseja um beijo se consegue um, mesmo que seja um diferente, não a espaço pra saudade. Nesse caso é necessária uma dose descomunal de carga para chegar ao amor. No entanto, quando isso acontece há uma sobrecarga de todo o sistema distorcendo outros como visão, tato e demais sentidos, inclusive o controlador do pensamento. São horas divagando sobre possibilidades e sobre lembranças. A essa sobrecarga dá-se o nome de paixão.

A saudade nada mais é do que um redutor de dissipação do desejo e um potencializador das capacidades energéticas da fonte, sendo de grande ajuda para essa. Ela, porém, não está condicionada a vontade da fonte, estando antes aleatoriamente vinculada a como a carga é oferecida ao desejo. Sendo essa forma boa suficiente a ponto de gerar a saudade, a fonte tem um forte aliado a seu favor, podendo reduzir o período até a plenitude energética da bateria.

Se a fonte super potente que carregou o desejo em um piscar de olhos tiver boa capacidade energética, ela pode continuar alimentando o desejo, agora em doses menores, possibilitando o surgimento do amor com o passar do tempo e da sobrecarga. Sendo ela apenas uma fonte de fornecimento rápido, a sobrecarga passará e não haverá energia suficiente para manter o desejo alto, restabelecendo-se assim os níveis iniciais de energia.

Uma outra maneira de se aproximar do amor é cortar as descargas de desejo. Nesse estado existem duas possibilidades, ou a energia se estabiliza ou diante de algum estímulo ainda não alcançado vai crescendo lentamente, utilizando como fonte o anseio de que esse estímulo venha a ser ampliado.

Estou com as energias baixas no momento. No entanto, parei de descarregá-las com freqüência. A vi somente uma vez e confesso ter desejado desde aquele momento Sua companhia. Não sei o que poderia ser isso. Mas estou me guardando para cobrir todas as possibilidades quando for descobrir. Posso jamais saber o que queria de mim...vou morrer sabendo o que quero com Você.

VARCELLY


domingo, 25 de outubro de 2009

Poço de segredos

"Escondo-me em qualquer lugar dentro das infinitas possibilidades das palavras,
em seus altares devassos, em seus inferninhos divinos, onde o ponteiro do relógio
move-se na direção dos meus pensamentos" Cláudia Magalhães - Espetáculo Entre Nós


Sou um poço de segredos
Muitos me contam os seus
Mas são poucos os que me lembro
Parece parte da memória seletiva que tenho
Responsável por só trazê-los em momento oportuno
Assim, não ficam ecoando em minha mente à toa

Meus segredos não são muitos
Mas minhas histórias públicas menos ainda
Os conto às paredes
Ou os escondo em algum texto
E no final das contas todos sabem e não sabem

A mistura de realidade distorcida com ficção
Gera a incerteza sobre a veracidade dos fatos
E a cada personagem busca-se uma nova pessoa real

- Esses traços são de fulana, não são?
- Mas ele a conhece?
- Sei lá, pelo visto sim.
- Ou será que é cicrana?
- Parece também, né?
- Mas é mais a personalidade.

O verdadeiro poeta fingi fingir o que senti
O verdadeiro poeta fingi o que senti
O verdadeiro poeta fingi
O verdadeiro poeta senti
O verdadeiro poeta o
O verda...
O verda...
O verda...
O veda!

O texto o liberta!



VARCELLY

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O aquário

Eram vários os empecilhos
Ou na verdade talvez fosse só um
Eu que o encontrara por diversas vezes
Uma opção em potencial
Chamava-me muito a atenção,
Porém, durante um bom tempo
Considerei insuficiente minha força para tanto

Cheguei a nadar decidido
Ia, ia, ia
E assim que meu rosto aflorava da água
Minhas forças sumiam
O ar frio era incomodo e desestimulador
E o aparente ar quente das alturas
De onde vinha a luz
Não parecia ser seguro suficiente

Depois de uma nova tentativa frustrada
Sempre procurava todas as velhas opções
Demorava-me em algumas,
Pensando está vendo algo novo,
Como um detalhe que deixara esquecido
Não, não havia nada de novo
A única opção era a que sempre foi primeira
Estava decidido!

Enquanto pensava nos meios de me fortalecer para tanto
Comecei a nadar em círculos
Quanto mais pensava mais rápido ia
Esquecendo dos movimentos, acelerava sem querer
E assim, quando pensei ter acho a solução me vi num redemoinho
Criado por minha própria força
Esse era de fato a solução

Nadei exaustivamente contra o ciclone
Fortalecendo meus músculos e pensamentos
Deixei-me ainda levar pela correnteza
Não por falta de vontade, mas para intensificá-la
Já que minhas investidas contra ela a enfraqueciam

Passados alguns meses tudo parecia pronto
O limiar da água parecia muito mais próximo
Desci até o fundo do aquário
Preparei-me
Era agora
Descarreguei toda a força adquirida nos treinos
Meu corpo estava leve, meus olhos com um brilho diferente,
O meu esforço nada se comparava ao das primeiras tentativas

Atravessei com o rosto a barreira da água
O vento frio tocou-me e me feriu
Ignorei, pois frear a essa altura era impossível
Cada grupo de escamas foi saindo da água
Não conseguia respirar
Cruzei o ar frio

Um ar quente e acalentador me envolveu
Não sabia ao certo se já havia voltado a respirar ou não
Pouco importava diante da magnífica sensação
De está nos céus envolto por esse ar

O impulso que me lançara aos céus acabou
Senti minha altitude estabiliza e em seguida decrescer
Fui acelerado fortemente em direção as águas
Havia saltado só para cima, minha trajetória foi igual na descida
Entrei pelo mesmo buraco que deixara na água

As águas agora eram outras
Não me prendiam
Não me inferiorizavam
Pois mais e melhor do que antes
Eu me tornara
E sabia que podia deixar as águas em direção aos céus a qualquer momento.



VARCELLY


terça-feira, 13 de outubro de 2009

Doroti

É tão bela

Vive a contemplação da vida
Porém, mais encontrada do que eu

É como se ela tivesse leme
E eu nem ao menos quilhas

Descobri a pouco, que navego no encontro das águas dulcícolas com o mar
Onde os fluxos são diversos.

Na tentativa de segui-los ao mesmo tempo
Fujo para a inércia de meu antigo cômodo
Onde percorri tantas vezes os caminhos superficialmente
Que me sinto prepotente, cansado e tranqüilo

Por fim,
Como o peixe num rio seco
Estou fadado à lama

A Doroti, Doroti
Quando aprenderei a ser como você


VARCELLY


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Opinião

Ok. kkkkkkkkkk desisto de opiniões por escrito. São chatas mesmo de fazer. Vou
adotar agora um sistema de "emoticon" daí vc pode classificar os textos a seu gosto.
E eu posso interagir mais com vocês no tocante a direção das produções. hehehe

Abraço

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Tsunami

Todas as minhas esperanças estão em você. É uma pena a distância nos separar tão incisivamente. Mas talvez seja ela, dessa maneira, a razão de ser você o destino de minhas esperanças. As coisas ordinárias me circundam e não consigo arrancar nada de especial delas. Alguns estão sozinhos em outras cidades, viajando em outros países, concursados com empregos relevantes, ou qualquer coisa do tipo. Entende? Coisas que tornam nossas vidas especiais. É esse o meu desejo! Algo especial, propiciador de novos horizontes, lugares, culturas, vivências, sentimentos. Um novo paradigma!

Diante da minha vida hodierna talvez a mudança de solteiro para amante platônico, ou quem sabe amante sazonal seja, não toda essa imensa novidade que ambiciosamente desejo, mas, o princípio de uma mudança produtora dessa, tão aguardada, tsunami. Essa onda gigantesca contra a qual me resguardei tanto e me preparei para enfrentá-la. Foram tantos muros, diques, calhas e reservatórios anti-enchentes preparados que as ondas normais com sua leveza, branca espuma e som reconfortante perderam a relevância. Dificilmente as ouço ou as vejo daqui de dentro.

A cidade é um forte evadido agora! Talvez seu protótipo de tsunami não o destrua por completo, permitindo o surgimento de uma nova sociedade voltada à coletividade e à doação mútua, no entanto, com certeza tem chances de enfraquecer as barreiras, possibilitando o repovoamento e dando voz e brilho as marés baixas novamente.


OBS--> A música desse post é Como se o mar de NAndo Reis.Mas ele não está no youtube
então estou colocando este link para que possam ouvir e colocando outra música do
Nando pra não deixar o post sem vídeo. Abraço



terça-feira, 22 de setembro de 2009

A morena que roubou meu coração numa tarde

"Como lembrar de você e não sorrir
Como falar de você e não cantar
Como saber se é certo sonhar com você"

Estava tudo pronto para a volta era meu último dia naquele resort. Tinha ido passar as férias lá junto a minha mãe e conhecera um grupo bom da mesma idade que eu. Salvo engano eram duas meninas e um garoto. Passávamos o dia zanzando pelas dependências do hotel e a noite nas festas e eventos organizados também pelo hotel.

No entanto, o relevante da história é na verdade a. Voltava, junto com meu amigo, de mais uma manhã nas piscinas no ônibus do resort, gratuito a cada hora, e a vi. Era uma morena linda com traços orientais, mais ou menos da minha altura e de cabelos negros e molhados. Na verdade eu vi e me detive a princípio na amiga dela, que fora mais simpática as minhas brincadeiras. Marcamos de nos encontrar todos na boate ao anoitecer, onde conversaríamos melhor e mais intimamente.

À tarde eu voltei ao complexo aquático e para minha surpresa encontrei as duas garotas novamente, porém dessa vez a morena estava tão imensamente linda que não a reconheci, até porque havia conversado mais com a amiga dela, a princípio mais bela. Não tenho nenhuma recordação de onde estava o chão daquela banca de revista quando a encontrei lá dentro. A mulher estava com os cabelos arrumados e soltos, um sorriso insinuador no rosto, uma roupa leve que balançava com as investidas do vento e escorreu pela porta de saída, depois de algumas poucas palavras, graciosamente.

Cheguei ao apartamento, tomei banho para retirar o cloro do corpo e me deitei um pedaço, visando à noite por vir. Acordei, tomei novamente banho e me vesti. Antes da boate encontraria o pessoal num evento do hotel, que fui acompanhado de minha mãe. Mal cheguei encontrei o pessoal e já estava louco pra sair. Ficamos naquele impasse, mas depois de um tempo conseguimos partir em direção as piscinas. Fomos os quatro, meus amigos e eu. Chegando às piscinas ouvi ao longe o som de um violão, começara então a série de desencontros.

Até então tudo era desencontro, afinal fazia três dias que eu rondava aquelas piscinas dia e noite e não a encontrara até esse dia, logo o último. Mas também, nesse dia somente, eu a havia encontrado duas vezes seguidas. Como era possível? Não sei! Como eu não a tinha notado antes? Não sei!

O som do violão me atordoou. Corri carregando o grupo inteiro para a roda de outros jovens que ali tocava. Lá ficamos um bom tempo tocando e falando besteira. Até que no meio de uma música me veio à cabeça a imagem da morena. Como eu podia tê-la esquecido? Já estava na hora da boate e eu não tinha percebido. Larguei o violão na mão do dono, que mal conhecia, e sai correndo sem dizer nem um mero tchau a meus amigos. Cheguei à boate e lá estava ela, dançando numa roda de amigas. Entrei como se nada tivesse acontecido e comecei a conversar com elas. Com pouco tempo o meu amigo, presente no ônibus quando as conheci, chegou e se integrou ao grupo.

Tudo estava ótimo até as meninas, que passei maior parte do tempo nesses três dias, chegarem dizendo que pegariam o ônibus para o hotel, pois o vôo delas sairia agora de madrugada. Novamente sem dar tchau, sai da roda das garotas novas, incluindo a morena, e fui deixar as minhas amigas na saída do ônibus. As deixamos e poucos segundo depois veio o estalo, “CADÊ AS GAROTAS?!”. Corremos o complexo inteiro de cima abaixo sem sucesso. Tristes, paramos perto do ponto de saída dos ônibus e depois de nos conformarmos achando que não as veríamos mais, viramos para trás e lá estavam todas na lanchonete. Provavelmente, assistindo de camarote o nosso desespero atrás delas e há essa hora já não éramos tão interessantes como a princípio, estávamos mais para garotos imaturos.

Entramos e sentamos. Era fascinante o poder que ela tinha sobre mim. Eu só conversava com ela, trocava algumas meras palavras com as outras. Depois de alguns assuntos elas anunciaram que partiriam. Ainda tentamos pedir que ficassem algumas pareceram aceitar o convite, mas a mais velha ordenou que fossem pra os apartamentos. Em meio a dois beijinhos me despedi dela e nunca mais a vi.

Apaixonei-me por um intervalo de uma tarde e parte da noite, com três meros encontros casuais. No outro dia pela manhã antes de ir embora, pensei ainda em passar no hotel dela e deixar um bilhete, pois em nosso primeiro encontro a vi descer do ônibus, todavia eu não tinha o número do quarto e minhas descrições poderiam não ser suficientes para o recepcionista. Voltei para Brasília. O meu coração ficou com ela em Caldas Novas. Só me restou à lembrança do beijo que nunca provei e da imagem de uma das mulheres mais belas que já vi na vida.



VARCELLY

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Dama

"You know, I used to dream about this when I was a little boy
I never thought it would end up this way,
It's kind of special right? yeah
You know, you think about it
Sometimes people just destined
Destined to do what they do
And that's what it is"


Tudo começou mais ou menos assim, coloquei mais um post no blog, porém acompanhado de um convite extensivo a todos que o vissem, que era

“PS: Gostaria de convidar a todos pra se possível irem prestigiar o grupo de dança de rua BR, do qual faço parte, no evento Charivari esse sábado,início às 18e30. Ainda não sabemos de que horas vamos nos apresentar,mas vão ter outras coisas muito legais por lá,então cheguem cedo e aproveitem e nos vejam com certeza. Ele será realizado no Museu Câmara Cascudo. Qualquer informação olhar google.kkkkkkkkkkkk Abraço”

Pois é. O que tem demais? O grande diferencial disso é que ela foi me ver. Quem é ela? Não sei ao certo. Só a conheço de algumas palavras mal trocadas. Nunca nos vimos ao vivo. E como poderá perceber, não foi dessa vez que eu tive esse privilégio.

Eram sete horas da noite do sábado, eu me preparava para entrar no Museu onde me apresentaria juntamente com o grupo. Em meio à euforia de pessoas passando, a animação de apresentar uma coreografia totalmente feita com a participação de todos os integrantes e os cumprimentos dos conhecidos, algo estranho me aconteceu. Tive a ligeira sensação de estar sendo observado fixamente. Tentei ser discreto, o que definitivamente não é meu forte, e procurei em cada recanto daquela balburdia a origem de tal sentimento. Ela parecia está localizada em uma distância bem segura ou então percebera meu movimento brusco em busca do olhar dela, passando completamente despercebida.

Ela conhecia finamente meu gosto e havia se produzido seguindo-o a risca, talvez intencionando ser descoberta ou receber uma investida, desavisada, minha. Mas o fez com tal maestria a ponto de se camuflar em meio a outras mulheres tão bem vestidas e arrumadas quanto ela. Dessa forma o destaque só aconteceria quando ela quisesse, pois quando estivesse detendo maior parte do meu campo de visão, tinha absoluta certeza, as outras desapareceriam por completo. Gosto dessa convicção dela!

A sensação de estar sendo observado me acompanhou a noite inteira. Aproveitando e tomando tal sentimento como brincadeira, dancei como se ela fosse a primeira da fila, ofereci-me em cada movimento. Enquanto os míseros dez minutos passavam continuei vasculhando todos os olhares em busca do que havia me congelado a espinha. Nada! Não sei se foi meu empenho insuficiente ou o disfarce dela muito bem sustentado, pois não consegui identificá-la.

Enfim, estava já cansando desse procura e comecei a cogitar a possibilidade de tudo não passar de uma peça aplicada por minha mente. Desci as escadas até a rua olhando para o chão, reflexo de meu cansaço, em seguida, levantei a vista em direção ao outro lado da rua onde se encontrava um carro preto, ela me olhava fixamente encoberta pela fraca luz amarela do poste. Linda! O salto lhe torneava as pernas, o vestido elegantemente fazia o mesmo com o corpo e uma leve e desavisada brisa trouxe-me a fragrância marcante do perfume dela. Mal pude ver suas feições, mas consegui distinguir um sorriso de vitória no rosto, onde estavam escritas todas as suas fugas e o ar poderoso de ter me usado a noite inteira.



VARCELLY




terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ecos

Sensibilidade,
Salão principal do purgatório
Que permite o paraíso e o inferno com a mesma destreza

Os fatos surgem independentes de nossa vontade
O tempo em que ocorrem e as catástrofes ou delírios resultantes é que não.
Essa relação é maquiavelicamente por ela mediada.

As palavras voam em nossa direção
Proferidas casualmente
Ninguém se ofenderia ou se apaixonaria por elas assim
Estão nuas, sem maquiagem ou,
Por muitas vezes, são atores inexperientes em primeira encenação

Então, elas são absorvidas e metodicamente reproduzidas.
Ela delimita e harmoniza as ondas
Frisa as pausas
Destaca os adjetivos,
Dando-lhes efeitos visuais além dos sonoros.
Reentoa, destoa, controverte.

A princípio aparenta ser essa conversão tardia,
Mero engano!
A velocidade de processamento evita qualquer tipo de delay.

A platéia assiste a tudo atônita.
Em poucos segundos a fonte das palavras se perde
A quem devemos responder?
Será a conversa interpessoal ou intrapessoal?

Não é possível saber.
Só conhecemos os reflexos
Aperto no peito,
falta de ar
taquicardia
mãos geladas
ecos esquizofrênicos!

As ruas passam rápido,
Ao longe surgem outras conversas alheias ou não a nós,
Tanto faz!
Não temos espaço para mais pensamentos, reações.
Tentamos desesperadamente calar os ecos
Ou nos embrenhamos tanto no universo magnífico por eles criado
Que sons exteriores são completamente ignorados

Só desejo
que havendo ecos em vocês
sejam ao menos os positivos.


VARCELLY

BONS


RUINS

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A minha saudade

A minha saudade
É um monstro sorrateiro
De fonte conhecida
Mas de expansão inexplicável

Desconheço quem lhe fornece as chaves da casa,
avisa onde estão minhas roupas
ou ensina a maléfica forma de dispor os lençóis

O que me é permitido perceber
É a sua presença impregnada na mobília dos cômodos vazios
O doce aroma e o calor de minhas roupas imundas e frias
A deformidade profunda do colchão invariavelmente plano

Ela agora suspira em meu ouvido morosamente
Manipulando meus pensamentos
Reclina meu corpo
Dobra minhas pernas
Deita-me
Já não restam muitas opções

Deixo-me consumir


VARCELLY


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Medo

Estou em cima da montanha, açoitado por ventos fortes e frios. O ponto onde me mantenho é frágil, as rachaduras presentes por todos os lados parecem tentar me avisar o quão perigosa pode vir a ser minha permanência nessa local. Contrariando todos os avisos naturais, instintivos e de terceiros, permaneço.

Isso me assusta! Não tenho tanto medo de que o barranco venha a cair juntamente comigo! Tenho medo da minha postura em sabendo dessa iminente possibilidade. O fruto da árvore, encontrada na ponta do barranco, é desconhecido e o seu sabor é uma incógnita, assim como sua textura. A ponta do barranco é tão instável a ponto de oscilar com o vento, permitindo a árvore se esquivar de minhas investidas.

O fruto tem pele lisa e brilhosa, transparecendo saúde. A sua forma é repleta de irregularidades naturais, ampliando ainda mais sua beleza, uma vez que o tornam único. A maneira como se balança ao bel prazer do vento mais parece uma obra de ballet, repleta de giros e suavidade. Não existem folhas em volta dele, como se a árvore o quisesse destacar, impedindo qualquer outra beleza, mesmo distante, de ofuscá-lo.

Agora me parece ser um bom momento, a brisa havia parado quando pensei nisso. Estava a exatos dois passos do galho mantenedor. Só era possível avançar mais um passo, pois o segundo, já o tinha testado, abalava seriamente a estrutura do rochedo. Duas respirações profundas e um impulso suficiente apenas para permitir um alongamento máximo do corpo, estico o braço, por entre meus dedos posso ver a forma do fruto encaixando perfeitamente em minha mão. O vento volta e o balança.

Não tenho mais como voltar. Estou com os dois pés juntos e o corpo totalmente projetado a frente. A idéia de como sairia dali depois de conseguir o feito fora ignorada. A dúvida, se um novo passo em socorro causaria o desastre tão evitado ou se o choque do meu corpo contra o chão é que o produziria, cresce. Caiu mais um pouco. As possibilidades são inúmeras e escassas, pois um vídeo autobiográfico se inicia no fundo dos meus olhos. O medo me consome de todas as formas possíveis, até minhas células tremem repudiando o abismo. Os ecos se amplificam em meus ouvidos “a fruta estava distante demais. Você nem sabia ao certo se ela era saborosa. No entanto, tinha total conhecimento da instabilidade do rochedo. Não foi por falta de aviso que está nessa situação.” Parte do rochedo se descola e caí enquanto estou indo de encontro ao solo.

Coloco minhas mãos no rochedo, seja o que tiver de ser, penso. Ouço um estrondo causado por um deslocamento de terra relevante. Minha visão escurece e apago de medo.


VARCELLY


sábado, 22 de agosto de 2009

Aviso!

Opa pessoal,blz? É um prazer vê-los sempre por aqui comentando e lendo meus textos.
Por isso,venho avisá-lo que estou mudando os dias de postagem pra um só. ^^ Crise de
(ins)piração é complicado.kkkkk E como gosto de ser constante nas postagens prefiro
deixá-los sabendo que toda quarta terá algo novo.Pra não ter viagem "perdida". Pois é. É isso! Abraço a todos.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Beijo de saudade

O ar trás consigo
o aroma holístico do corpo teu
Vejo, ao longe, tua sombra
Delirante, ergo-me nas paredes

Nossos mundos se chocam
Induzida pela demora do evento,
a seca tomara meu olhar
e uma lagrima indecisa,
entre a necessidade e a alegria,
deixou-se correr

Estás esguia,
sustentada por finos traços de meus desejos
As curvas delineadas por
algodões e fibras impiedosos,
que ignoram toda a minha inveja
em te cobrir tão proximamente

O teu tronco alisado por leves linhas,
que me permitem ser tua pele
em momentos de vento austero
Tua boca, maior enfoque de meus anseios,
contorcera um sorriso de efeito arrebatador em meu peito

Toque pele choque febre
Hesitação tremor vento laço
Peso força angustia cabelo
Quatro três dois
colapso

Fôôôôôôôôôôôlego


VARCELLY


PS: Gostaria de convidar a todos pra se possível irem prestigiar o grupo de dança de rua BR, do qual faço parte, no evento Charivari esse sábado,início às 18e30. Ainda não sabemos de que horas vamos nos apresentar,mas vão ter outras coisas muito legais por lá,então cheguem cedo e aproveitem e nos vejam com certeza. Ele será realizado no Museu Câmara Cascudo. Qualquer informação olhar google.kkkkkkkkkkkk Abraço

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O que me falta

O que me falta?

Tenho as alvoradas,

As ondas quebrando lentamente na areia,

Os pensamentos em você,

A folha em branco e a caneta,

A música suave da brisa batendo nas folhas do coqueiral,

Um peito aberto rasgado de emoções,

Repleto de cicatrizes em todas as direções possíveis...

Tenho meu violão e sambas,

A beleza dos passos da morena,

Uns versos antigos que de tão verdadeiros

Não soam em semelhança com meu estado atual...

Todos parecem tão distantes...

O que me falta?

Inspiração.


VARCELLY




CLIPE ORIGINAL DA MARISA

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Charme

Charme é uma boa palavra para defini-la
Desconheço ao certo por qual razão o seu sorriso
em sociedade com o seu olhar me petrificam
Faz tempo que não vejo alguém com essa combinação
tão admirada por mim há tempos atrás.

Nossas peles parecem déjàvus
Desde a primeira vez que nos tocamos,
minhas mãos apenas em seus ombros,
senti como se a tivesse tocado por inteira

O que falar do seu pescoço então...
O admiro no comprimento
na cor
na tensão da pele
no cheiro que mal tive oportunidade de sentir
em como acomoda meu beijo,
mesmo tendo sido poucos e muito mal dados

Até o seu NÃO é agradável
incentivador
Diz ser minha a cara de sem-vergonha,
mas na verdade é dela e
adoro isso.

Como ela parece premeditar cada passo meu
Como eu pareço tentar adivinhar o limite entre a ousadia e a libertinagem
Como olhares comuns tornaram-se cúmplices
e abraços de cumprimento gritos por uma entrega...

Quem sabe no próximo texto...eu deixe de ser um vício a mais.

VARCELLY


terça-feira, 11 de agosto de 2009

Eclipse

Eu,
sem você, não seria nada além de mim!
Afinal, somos dois.
Não nascemos fusionados.
Prótons e nêutrons de hélio sim.

Entretanto,
Tivemos nossa chance de brilhar
e como a gigantesca usina no céu
nos deixamos eclipsar
A princípio, areolar
em seguida,
total.

Eu sem
Você pode ser tudo
Inclusive o nada



VARCELLY


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

“I gotta feeling that tonight's gonna be a good night”


Ansiedade crescente! A noite parecia não chegar. A roupa já estava em cima da casa separada desde 11h da manhã, o perfume, o melhor que possui, levemente destacado dos outros e o banho estendido planejado passo a passo.

Sai do trabalho correndo com um sorriso que mal cabe no rosto e passa direto para o cabeleireiro. Hoje a noite pede uma cara nova ou uma máscara nova, ele pensa indeciso. Mas se for uma máscara está a vestindo desde quando acordou.

O mp3 insiste em tocar a seleção das melhores músicas dançantes. Ele meio que corre ou dança na rua. O corpo parece fora de controle. Engraçado,é como se o mundo não importasse mais. O que vai acontecer depois de amanhã? Qual é o próximo dia da semana? Compromisso cedo no outro dia? Que misso? Nada importa!

Finalmente ele chega em casa. Corre direto para o quarto, mal cumprimenta a família. Tanto que a mãe só consegue lhe avisar que seu amigo ligou quando já está no meio do banho com o som nas alturas. “TÁ BOM MÃE!”. O som quase não permite a comunicação. A roupa que o esperara o dia inteiro cai como uma luva, aparentemente ela também estava ansiosa. O melhor perfume nunca foi mais cheiroso.

A buzina soa na rua. Da janela ele avista todos os amigos dentro do carro tão animados quanto. Desce correndo e mal ouvi o boa noite da mãe. O som do carro é muito alto, no entanto, os cumprimentos conseguem ser mais devido à animação. Um, dois, três, quatro quarteirões e agora não há mais errada chegou à grande hora.

Luzes, muita gente bem vestida e a sensação maravilhosa de poder se tornar alguém especial para uma pessoa completamente desconhecida e, ao mesmo tempo, de poder sair tão anônimo quanto chegou. A música intensa lhe tremia a roupa. Entrou...

...ao contrário do esperado o outro dia nasceu. Ele caminha junto aos amigos lento. As pernas estão exaustas e mal conseguem carregá-lo. O seu perfume se perdeu no meio de tantos outros perfumes e odores. A roupa outrora bem engomada se encontra amassada em todos os locais possíveis e o sorriso da manhã anterior está lá maior ainda. É como se uma batalha tivesse sido vencida da melhor maneira possível. Ele admira o nascer do sol, deixa os amigos irem um pouco mais a frente,olha-os por um segundo e num sussurro quase inaudível, mas completamente sincero diz: amigos, vou sentir muita falta de vocês!


ps--> O cara ter amigos inteligentes é uma felicidade.hehe todos matam o cara de orgulho passando em concursos fora ou indo fazer especializações e mestrados ou coisas do tipo fora. Mas também é um pouco complicado.^^ Que sejam felizes todos! A nossa amizade não vai morrer nem fraquejar por causa disso! Styghad´s!


VARCELLY


terça-feira, 4 de agosto de 2009

O destino do poema

Se poemas surgem para conquistar mulheres,
que este cumpra sua função.
Para isso, não falarei da angustia em meu peito,
nem da dor e do desejo.
Muito menos, contarei histórias de emoção

Mostrarei o vazio,
a insignificância, a vida sem juventude,
a vida sem relevância...

Os defensores dos verdadeiros poetas,
me acusaram de piegas,pobre ...
Pergunto-lhes em Drummondiano
Quem não é piegas no amor?
Podem não ser na escrita,
mas o são na vida.

Por fim, minha querida, digo:
ainda não te amei por toda a vida,
entretanto, estou a começar...


VARCELLY

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Carlota

A noite cobria com seu manto sua casa
O relógio bate duas da manhã
Ele se levanta assustado
Deitou-se as seis,
no entanto, ainda sim, não era tempo de acordar

Poucos segundos se passaram até a lembrança reviver,
a angústia o acordara
Desejava febrilmente sentir aquele calafrio
companheiro da noite no Salão

Encheu a banheira
Organizou três sacas de gelo picado,
lançando-as consecutivamente no banho
Despiu-se, sentou-se e assim ficou um bom tempo
Quando percebeu que já não sentia tanto frio
abandonou o banho e parou no sobrando

O vento gélido da madrugada percorria seu corpo molhado
Então vieram crescentes
Um,
Dois,
Três calafrios
Mas nenhum comparado ao do Salão

Voltou ao banheiro
Tentaria mais uma vez
Ligou o chuveiro com água quente,
lançou-se de baixo

A princípio um leve tremor,
todavia, a água quente só lhe deu esse de bom grado
Em seguida, cobriu-lhe com um manto de ternura,
ele aproveitou esse deleite

Desistiu
Não conseguiria tal sensação em sua casa
Só havia um porquê.
Aceitou o veredicto enquanto se arrumava
Os calafrios eram produzidos pela lembrança
da morena com quem dançou no Salão
Não eram calafrios comuns

Sorrindo,
elegantemente vestido
foi tragado pela morena imagem até o Salão
onde a Milonga o concederia o mundo necessário
para acalentar seus desejos



VARCELLY


terça-feira, 28 de julho de 2009

Taco

Taco, espelhos, paredes, barras de ferros envolta do Salão, teto, todos estavam ali presenciando o encontro. Passos no corredor, alguém sobe a escada. Do lado oposto a porta de entrada havia outras três de vidro que davam acesso ao sobrado. Esse feito também de madeiras e com grades sutilmente desenhadas, repletas de nuançais e floreios. Era no sobrado que ela estava quando percebeu a presença dele. A brisa corria leve, movendo os cabelos longos e cacheados da senhorita, que no seu vestido longo e sobre seu fino salto olhava para a porta onde agora sorria um homem.

Ele não havia ingerido se quer uma gota de álcool, no entanto, a beleza da senhorita o tinha deslocado da sua sobriedade e via agora três dela, uma para cada porta. Assim que abandonou o concreto rígido da escada e acomodou a sola de seus sapatos no taco, com um som tradicional desse gesto, iniciou-se a música. Trouxe o outro pé para dentro da atmosfera do Salão, ajeitou o terno, encaixando-o melhor no corpo, e retirou o chapéu, que inicialmente lhe acobertava as feições.

Elas riam dessa ritual preparatório e adoravam poder analisá-lo como a um filme, desde a entrada na sala até a retirada do chapéu. Ele fazia tudo seguindo o ritmo suave da música, como se tivesse passado a vida inteira ouvindo-a. A música parecia tê-lo obrigado a desistir de caminhar até as moças, deslizava ora para frente ora para trás e seus sapatos pararam de produzir o típico som do encontro com o taco como fora na entrada. Movia pés, pernas, quadril e tronco em movimentos simples, mas detentores de uma graça aterradora que comovera as senhoritas.

Ele apenas se movia na direção do final do Salão admirando as imagens de lá emitidas. Não pensou em impressionar ou conquistar as moças com seus movimentos, porém, apreciava os sorrisos que causavam. E assim, foi vencendo a distância que o separava do sobrado e tendo que se apressar para escolher uma das três donzelas para acompanhá-lo na próxima dança. Olhou indeciso para as três portas e decidiu entrar onde seus passos o levassem. Fechou os olhos e dançou o resto da música. Após alguns giros já não tinha mais consciência da direção que se deslocava.

Silêncio. A música acabou. Ele abriu os olhos e vira as três portas estampando a realidade, só existia uma moça em sua frente. Adentrou o sobrado, olhou-a demoradamente, como se repetisse o tempo de observação que ela teve desde que ele entrou no Salão. Sua beleza era impressionante, era como os passos dele, simples, mas sublime. Ela parecia adorar aquela situação, não se incomodava de ficar parada posando para um olhar tão entusiasmado como aquele.

Não dissera uma palavra, estendeu a mão e ela aceitou o convite. Entraram no Salão ao som do taco sob seus pés. Mãos unidas. O braço dele a envolvia pela cintura e o dela pousara-lhe sobre os ombros. Eles se encaravam profundamente. A música já começava, todavia, a movimentação não. Eles preferiram sentir o prazer da presença do corpo um do outro. Dançavam parados! O cheiro dela, a textura do vestido aquecido pelo corpo, as pernas encostadas e lábios ansiando o fim da dança com uma respiração ofegante. Ela sentia os ombros e as costas dele com o braço, a textura da pele da mão dele, a firmeza com que ele a segurava pela cintura. Ela também não queria se mover.



VARCELLY


quinta-feira, 23 de julho de 2009

Visitas inesperadas

Sou forte e inabalável pela Saudade. Esse era meu grito de guerra há pouco tempo atrás. Dizia muito honrado de minha segurança, que desconhecia tal sentimento, pois sempre o driblava. Se alguém desaparecia ou se ausentava de minha vida, em pouco tempo, eu esquecia e continuava normalmente os dias. Ia aos mesmos lugares sem fantasmas, falava dos ausentes sem gaguejar, ou seja, tirava de letra.

No entanto, há pouco tempo a conheci pelos abraços de uma Morena. Primeiro, só a Morena possuía abraços reconfortantes e destruidores de todo o mal. Não importava se o seu mal-estar era de saúde, psicológico ou financeiro, ela lhe envolvia com tamanho carinho e suavidade que chegava a ser amnésico. O seu golpe fatal, porém, ainda estava por vir, o sorriso. Ambos, quando juntos, derrubavam qualquer marmanjo autoproclamado resistente às conseqüências duradouras das carícias de uma mulher.

Essa semana, ela me pegou nos braços e sorriu me olhando nos olhos. Logo em seguida, riu da minha cara de bobo. Era uma manhã como outro qualquer, mas as lembranças da casa ainda estão todas estampadas em minha memória. O lençol enrugado pelo nosso peso, as janelas entreabertas com as cortinas bloqueando a entrada de luz e o corpo dela pesando em cima do meu. Não sei se havia uma música ambiente ou se essa era efeito da beleza do sorriso dela. O sol raiava, todavia, eu desejava a cada lance de luz que fosse a noite mais densa e negra só para tê-la em meus braços por mais tempo.

Tudo assim se deu e foi maravilhoso. No entanto, na manhã seguinte, ela me informou que iria viajar e permanecer fora por um final de semana inteiro. No começo, com meu ceticismo, duvidei da força das marcas deixadas em minhas costas e memória. Trocamos um último beijo e ela partiu. Juntamente com o desaparecimento do carro na primeira curva da minha rua fora meu ceticismo.
Fechei a porta e me preparei para vencer o percurso até meu quarto, alguém bateu na porta antes disso. Virei sorrindo, só podia ser ela desistindo de viajar ou voltando para pegar algo. Enganei-me! Era uma senhora vestida com cores mornas, roupas surradas, com um sorriso amarelo no rosto e detentora de um caminhar lento e cansado. Ela conferiu meu sorriso, que já havia se transformado numa interrogação, e disse: vim passar uns tempos com você, dando-me uma tapinha no rosto. Ela sorria estranha como se estivesse a muito ansiando essa visita triunfante.

A senhora conhecia todos os recantos da minha casa. Isso me assustava! Como ela podia saber disso? Olhou minha rede na varanda e disse: Quase me deitei nessa rede, porém você sempre foi hostil. Fique paralisado por um momento, eu hostil com uma senhora? Isso só podia ser mentira e das muito mal contadas. Ela foi contando histórias de cada recanto e passando sem hesitar. O mais surpreendente é que não mentia sobre nenhuma, cada narrativa era a mais pura verdade. Ela ainda as contava repetindo os trejeitos da Morena, até o perigoso sorriso-abraço ela tentou copiar. Os cacoetes soavam caricaturais se comparados aos reais, mas a ausência da real dona os deixava mais fiéis.

Vimos meu sofá, a cozinha, o escritório, o quarto de hospedes e, enfim, subimos ao primeiro andar e chegamos ao meu quarto, ainda impregnado pela presença da Morena. A senhora olhou-me rindo sarcasticamente e falou: Ora, vejam só. Quase morri para entrar na sua casa e hoje entro pela porta da frente, ganhando de bandeja o quarto principal, onde muitas mulheres quiçá chegaram. Ela me empurrou, tropecei na cama e caí deitado. O perfume da Morena preencheu o ambiente quando aterrissei nos lençóis quentes e enrugados. Nesse momento, reconheci a senhora, Saudade. Encomenda enviada com os comprimentos da Morena, eram esses os escritos presentes no cartão que a senhora me entregou.

Não consegui entender como a Saudade podia ter me batido tão forte e tão inesperadamente. Ainda tive um golpe de misericórdia, dois segundos depois do desaparecimento do carro da Morena na esquina, meu celular vibrara no bolso. Numa mensagem ela informava que um senhor muito jovem, bonito e cego a havia encontrado e se juntara a ela na viagem, trazendo de brinde um outro preguiçoso e vestido de cores mornas, que tentava copiar todos os meus cacoetes e trejeitos. Sorri e dei um beijo na senhora, que agora me olhava surpresa, minhas encomendas também haviam chegado.


VARCELLY





http://www.youtube.com/watch?v=hSR6UP9866c ( O clipe da música)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Porta-retrato

Tenho na cômoda um porta-retrato a um bom tempo, totalmente, vazio e branco. Muitas fotos se propuseram a preenchê-lo, mas nenhuma alcançou tal intento. Não é que seja difícil entrar. No entanto, só há, inicialmente, um tamanho de foto cabível. Qual seria? O 3x4! Isso é um problema para algumas pessoas desejosas por pôsteres em toda a casa sem ao menos terem uma 3x4.

É um plano de carreira. A princípio, conhecer a pessoa, depois, possuir convívio capaz de gerar lembranças suficientes para o porta-retrato. Afinal, qual é a graça dele? A graça não é a foto, como muitos inexperientes pensam, e sim o mundo ou universo por trás dele. Os cacoetes que você sabia salteados, a textura da pele, o sorriso, o perfume, as palavras, os beijos, os aromas e outros. Então, não pense maldades ao ler que se faz necessária uma gama de lembranças suficientes para mandar a foto, mesmo a 3x4.

Finalizada essa etapa você tem direito a sua 3x4. Calma! Eu sei que os porta-retratos geralmente são 10x15. Como atingir a 10x15? Mantendo o trabalho criativo de memórias e bons momentos. Dessa forma, cada vez que eu precisar menos da porta-retrato para lembrar você maior será sua foto. E bingo, quando menos esperar, terá fotos de tamanho natural por toda a casa.

Qual seria a razão lógica disso? Quando as lembranças são passageiras e ainda pouco intensas é como se fossem um vídeo de baixa resolução, você até gosta e assisti, mas pouco tempo depois cansa. Elas têm dificuldade de manter sua atenção por um intervalo de tempo relevante. Com a evolução das experiências, o filme adquire uma resolução cada vez melhor, e desviar a atenção dele é que se torna difícil.

Qual é o último estágio? Ele é além das fotos pôsteres. Essas não são nada mais do que o fim do período apaixonado. Depois elas são deixadas de lado, por uma realidade totalmente envolvente. É um mundo 3D! Você é maior do que os pôsteres, maior do que os outdoors. Sua presença é tão forte que todos os objetos que anteriormente faziam menção a sua pessoa são desnecessários. Seu perfume se sobrepõe a todos os outros, sinto sua presença ao entrar no prédio estando no nono andar, reconheço sua voz nos trotes que tenta passar por mais que a tente disfarçar e o tempo parece adquirir humor variável com sua presença. Quanto está por perto ele corre desgovernado e dias somem em um piscar de olhos, mas se você se afasta ele fica moroso e em algumas vezes parece até retroceder.

Então, qual é a função de ter foto no porta-retrato? Rapaz, eu sinceramente não sei. Por que as pessoas se importam com isso se a presença de lembranças, realmente boas e importantes, torna o retrato desnecessário. Meu porta-retrato não está vazio por ausência de mulheres interessantes, mas porque existem apenas mulheres especiais. Essas que incluem desde amigas fantásticas a beijos deliciosos e bocas morenas e macias. Uma delas ficou até de me mandar uma encomenda desde que viajou, engraçado parece que já faz dias, no entanto, o relógio teima em mostrar que só foram minutos. Opa, alguém bateu na porta, só pode ser a Morena.


VARCELLY


quinta-feira, 16 de julho de 2009

Rewind

O lençol está no chão junto com as roupas
Respiramos ofegantes deitados lado a lado
Você rola da cama para o meu corpo
Minhas mãos abandonam a cama, encontram seu corpo
e das suas costas descem suavemente até o seu quadril,
onde se alocam firmemente
Suas mãos liberam o lençol,
a pressão entre nos é aliviada

Gritos.
Nossos gritos ecoam na casa vazia
Enquanto os corpos chocam-se intermitentemente,
os suspiros preenchem por completo nossas boca.
Nos beijamos

O lençol se agarra à ponta do meu pé
Rolamos para o meio da cama
e ele nos acompanha abandonando o chão

Você está por baixo
colamos nossos corpos e puxo seus cabelos
Minha boca percorre suas pernas,sua cintura e seu pescoço
subo suas roupas, abotoou sua calça, damos as mãos.
Ponho os pés nos chão em cima das minhas roupas
Você se senta, abaixa-se e me vesti enquanto se levanta

Sua boca encontra minha barriga,brinca no meu quadril
Minhas mãos chegam a seus cabelos
Você beija o meu tórax, abotoando minha camisa,
morde o meu pescoço, elogiando meu perfume, nos beijamos.

Você ergue os braços e lhe ajudo a vestir sua blusa
Beijo e mordo desde o seu ombro, recolhendo a alça da blusa,
até o começo da orelha, passando pelas bochechas e boca
Caminhamos até a porta entre risos e abraços
Você me beija e sai para o corredor

Trocamos comprimentos de boa noite
Eu olho assustado no momento que você sorri
Fecho a porta
Ouço uma batida na porta
Desloco-me até ela vagarosamente
Penso ser só mais uma noite chata sem surpresas
Sento no sofá
Ligo a tevê
Acabo de chegar em casa.


VARCELLY




http://www.youtube.com/watch?v=EqWLpTKBFcU( O clipe da música, que é ao contrário)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Máquina do tempo

Opa, amigo, bom que chegou. Estava, nesse momento, rememorando algo engraçado que vem me acontecendo. Sei que vai parecer algo estúpido, mas começo a acreditar na idéia de máquina do tempo. O amigo ponderou a relevância daquela informação, no entanto, em consideração ao velho companheiro manteve o semblante de interesse. Afinal, depois que inventaram o teletransporte tudo ficou mais fácil para a viagem temporal, pois só faltava usar esse transporte no tempo. Para minha sorte, disse o senhor, pareço ter sido escolhido como usuário teste do sistema. Hei de lhe contar tudo em detalhes, que são necessários porque aparentemente existem efeitos colaterais.

Ontem estava lado a lado com meu filho, Thomas, e ele brincava tranquilamente dentre seus carrinhos. Os cabelos dele negro como de sempre, os dentes ainda em fase de mudança e os pés pequenos que se moviam como balas por toda casa. Muito agradável vê-lo sadio a brincar. De repente, estava sentado a me balançar na cadeira e o Thomas entrava pela porta da frente, maior, forte e já com cara de homem. Foi como um avanço de quinze anos num piscar de olhos. Calma, não argumente ainda. Tenho certeza que não estava sedado! Tenho, tenho sim! Sei que estou num hospital, só não entendo o porquê.Por que tanta certeza? Porque meu filho veio novamente ao meu encontro e ficou comigo o tempo todo que o médico esteve aqui.

Durante essas viagens temporais, meu corpo sofreu sérias avarias, estou velho, aparentemente, doente e preso no futuro aqui com você, amigo que o nome me foge agora. Desconheço o método que os cientistas utilizam para me fazer viajar no tempo, não os vejo em canto nenhum, tudo parece tão real e, por fim, até meu corpo se altera. Inclusive, essa nossa conversa já pode estar acontecendo de novo ou não, de acordo com a vontade dos cientistas.

Sim, o envelhecimento e o esquecimento são alguns dos distúrbios que comentei no começo. Todavia, existe outro bem pior, quando avanço no tempo as cores do mundo parecem bem mais fracas e as imagens mais fugazes. É como se fosse uma projeção com interferências, na qual há chuviscos, mas ainda se pode captar algo da imagem. O Thomas, por exemplo, é completamente colorido na atualidade, brincando com seus carrinhos, porém no futuro, não. Ele já se apresenta mais pálido (cabelos brancos, alto) assim como o ambiente também. É difícil falar desse futuro porque, como disse, as interferências e as inconstâncias dificultam o armazenamento dos fatos.

O senhor adormece e no dia seguinte, ainda preso no futuro, assustou-se com a entrada de um completo estranho no quarto, que aparentemente o conhecia muito bem. O estranho não era enfermeiro, nem do hospital, pois não vestia identificações, estava humildemente composto. O sujeito sentou-se na borda da cama, o senhor afastou-se contrariado pensando “O que esse homem quer vindo sentar-se tão perto de mim?”.

- Senhor? Não se assuste.
- Como assim não se assuste? Quem é você? E ainda mais como se atreve a sentar tão perto de mim?
- Senhor, sou o Thomas, seu filho.
- Mentira! O Thomas não está velho. Há dois dias atrás ele brincava de carrinho na sala. E afinal, como vim para aqui? Pessoas só entram e saem, no entanto, ninguém me explica a real razão disso. Diga aos cientistas que não quero mais essas experiências! Quero minha simples vida com o Thomas brincando de carrinho em casa de volta.

Em seguida o senhor sussurra olhando para alguns pontos distantes do quarto “Acho que o avanço temporal dessa fez foi muito grande, posso até estar num universo paralelo...”. Mas é subitamente interrompido pelo estranho.

- Pai!
- Que pai? Eu não sou seu pai e você não é o Thomas!
- Não tem máquina do tempo pai.
- Você sabe da máquina? Você os conhece?
- Pai não existe máquina!
- E como estou aqui conversando com um estranho se minhas lembranças mais fortes são as de dois dias atrás com Thomas na sala?
- Você está com Alzheimer pai e se passaram trinta anos desde minhas brincadeiras na sala.



VARCELLY

ps: alguns filmes parecem com esse texto. São eles Diário de uma paixão; Efeito Borboleta e Camisa de força (The jacket)





quinta-feira, 9 de julho de 2009

Travessia II

Um dia organizei tudo o que era seu
Tudo aquilo que me trazia memórias suas
e ainda se encontrava em minha casa
Fotos, cartas, roupas, ursos de pelúcia...
Coloquei numa caixa e bati na sua porta
Deixando a caixa próxima à porta,
saí antes que chegasse

Voltei pra casa,
mas, meu quarto ainda era o mesmo
Depois de tirar tudo que fazia alusão a você
Percebi que você ainda estava ali
Encostada no único objeto refletido no espelho
Eu

Percebi então,
que você nunca deixaria de fazer parte de mim
perto ou distante
Coloquei-me no colo e adormeci

"Chego a ter medo do futuro
E da solidão, que em minha porta bate...
e na parede do meu quarto ainda está o seu retrato...
pensei até em me mudar"

VARCELLY


terça-feira, 7 de julho de 2009

Relatos de Mi

Era uma noite agradável, a brisa corria e tornava todo e qualquer ambiente mais aconchegante, eu havia me arrumado toda para ele, na verdade, seria o primeiro encontro. Tudo parecia perfeito. Eu iria o esperar numa sala pequena e climatizada bem próxima a minha casa, algo como uma recepção. Antes de sair mais uma encarada demorada no espelho para os últimos arranjos, verifiquei se todas as linhas estavam no lugar, enquanto ressoava alegria. Só então, dirigi-me ao local marcado.

O caminho não foi longo, pois durante o trajeto vim relembrando canções, sambas antigos e modinhas, todas aparentemente oriundas das vibrações do meu espírito feliz, e quando menos esperava cheguei. Tudo era confortável, organizado, até climatizado era. A brisa da noite serena ficou do lado de fora, mas confiei que o encontro a traria de volta. Confiança essa abalada pela presença de outros tantas meninas na mesma sala. Elas pareciam tão arrumadas quanto eu, algumas mais magras e alvinhas e outras assim como eu loiras. Foi horrível!

Senti-me usada. Que homem poderia ter uma atitude desse tipo? Iludir um grupo de garotas mandando-as esperá-lo num mesmo recinto e ainda permitir que se vissem. Em poucos segundos, todas estávamos revoltadas. Eu tentei apaziguar a situação dizendo que o deixaríamos na mão em plena roda de samba, ou seja, partiríamos no auge do seu melhor choro. Todas aceitaram a idéia e eu já estava tranqüila quando uma nova onda de ira me possuiu, minha irmã adentrou o recinto.

Michele era muito mais nova e bonita do que eu, assim como a maioria das garotas ali, mas era especial. Detentora de um timbre de voz maravilhoso que conquistava todos até mesmo quando conversava. Eu quase desmaio ao vê-la. As meninas me ajudaram em grupo, já que a diferença de peso entre nos era relevante, e eu me pus de pé. Michele correu em minha direção para ajudar-me também e eu lhe contei o acontecido. Ela não parecia acreditar no que ouvia e sem esforço, meu e das outras meninas, juntou-se a nós.

A porta então se abriu e ele entrou. Sapatos brancos, terno aberto de linho branco, camisa rosa suave e um chapéu levemente caído sobre o rosto. Todas ficaram tensas até que ele vestiu o sorriso. Foi como uma amnésia instantânea para tudo que tínhamos passado. Desde a humilhação até o encontro grupal, toda ira escorreu pela ponta do arco do sorriso dele. Ele chamou uma a uma de nós para fora da sala, alisou o corpo de todas, demorando as mãos em cada recanto, nos fazendo esticar e esticar a seu bel prazer, até que ficássemos presas por suas carícias. E assim, ficaram as revolucionárias deitadas lado a lado e presas pelo carinho das mãos dele. Acho que ele sabia da relação de parentesco entre eu e Michele, pois a colocou o mais longe possível de mim.

Depois de se aproveitar de cada uma de nós, ele nos levou de volta à brisa noturna e nos apresentou orgulhoso aos amigos na roda de samba. Então, recomeçaram as humilhações. Ele nos tocava ao mesmo tempo, empurrando duas ou três de nós para uma mesma casa e lá nos acariciava simultaneamente, depois nos tocava todas ao mesmo tempo, mas, o fazia com tal maestria que não nos exaltávamos mais e aproveitávamos à brincadeira. Chegou ainda a oferecer nossos serviços a diversos amigos. Não tínhamos pudor algum a essa altura. Minha mãe me avisara para tomar cuidado com malandros, eles são tão agradáveis que seus defeitos se tornam imperceptíveis. Ficávamos todas nas mãos dele e adorávamos isso. A princípio, unidas pela fascinação da presença dele, depois pelo ódio e agora pelo amor. Ele parecia saber até onde cada uma de nós ia e nos coordenava muito bem, tirando proveito de tudo e, por diversas vezes, deixando-se aparentar subjugado à nossa vontade.

Eu e minha irmã estamos bem. Inclusive, já estivemos juntas com ele várias noites e foi maravilhoso. Sabe como é não é? Vida de corda de violão é difícil.


"minha viola vai pra o fundo do baú.
Não haverá mais ilusão
Quero esquecer e ela não deixa
alguém que só me fez ingratidão"


Ps: Hauahuah Posso pedir um favor? Lê de novo para perceber o amor do rapaz por seu violão.
Ps: Nesse link estão algumas explicações para o texto. São basicamente sobre a estrutura do violão. Os trechos interessantes são as partes do violão e a afinação básica, que explica o caso das irmãs.


VARCELLY



quinta-feira, 2 de julho de 2009

Larga rede dos desejos

Grande e larga para casais
Suspensa
A rede suporta meus sonhos
Queria tua presença ampliando as curvas dessa,
teu cheiro suspendendo meu respirar,
que estivesses ao alcance dos meus olhos e dedos
pra que no tão sonhado beijo pudesses me ressuscitar

O último encontro se foi
deixando muito mais do que saudades
O lençol ainda está quente
O teu cheiro aflora dele,
assim como, de todos os recantos da casa

Ainda estou deitado da maneira que me deixou
Não cogitei banhar-me
Nunca me perdoaria se perdesse
todos os beijos escritos em meu corpo

O sol do meio dia chegou
Sinto não ter desperdiçado nenhum segundo
mantendo-me ainda deitado
Devo sentir cada momento
Não sei se haverá uma próxima vez
Adormeço

Tu chegas suave,
flutuando em minha direção
Acaricias meu rosto,
passas a mão em meus cabelos,
inundas novamente o cômodo

Levantas o lençol
Curvas a rede

Estamos juntos de novo.

" E eu que era triste
Descrente desse mundo
Ao encontar você
Eu conheci o que é felicidade
Meu amor"


VARCELLY


terça-feira, 30 de junho de 2009

Parece


Não sei já aconteceu com vocês. Alguma vez algo que gostou muito, assim sem precedentes, chegou com outro nome? É parecido com uma troca de língua, sabe língua estrangeira? , pois é. Um dia, quando você era pequeno, ensinaram-lhe o gosto inigualável de um abraço e falaram “Olha, isso é um ABRAÇO. Bom, não?” Você saiu todo feliz pensando “É realmente fantástico”.

Noutro dia fora a outro país, pessoas diferentes, e enquanto andava calmamente pelas ruas sua amiga dissera “Could you give a hug?”. “Hug?”, você pensou confuso, não sabia ao certo o que era aquilo. Até ela demonstrar como era, a reflexão se sustentara. Então, veio outra dúvida “Isso não é um abraço? Nossa lembra muito. É tudo tão próximo”. “No way! It´s a hug!” ela completara.

Não sei se a profundidade do que quis dizer ficou palpável. Mas é como ter todas as ferramentas quase certas para algo. Você tem tudo para lembrar como cuidava do seu carro, mas essa máquina a sua frente, apesar de ser igual, não é a sua máquina. No entanto, ela permite todas as lembranças da sua.

Vamos ainda mais fundo. Um ente querido morreu. Certa vez andando pela rua tranquilamente você se depara com alguém que é a cara dela. Sabe? Um clone praticamente. Você sorri e diz “Pronto, sei exatamente o que fazer. Ela gostava dessas brincadeiras, desse tipo de abraço, desse meu sorriso.” E não adianta. Você vai lá e nada disso funcionará por não ser ela. Parece, mas não é.

É isso!



VARCELLY


ps: o clipe deu uma conotação totalmente diferente e mais bela ao texto. Até encontrá-lo ainda estava em dúvida se deveria postar ou não. Espero que esse nova interpretação também apareça pra vocês. Sim,leia primeiro e só depois veja o clipe.



sexta-feira, 26 de junho de 2009

MJ 1958 - 2009



Aproximadamente, em 1994 um garoto se encontrava no quarto de seus pais. O apartamento era claro durante a tarde, pois o sol, que nascia no mar e adormecia no rio, encontrava-se alto, iluminando esse cômodo. Havia chegado há pouco tempo do térreo, onde correra e brincara como sempre.

Nessa época já possuía uma admiração grande pela música e por todo o universo que ela envolvia. Um garoto que de tão criativo chegava a ser ingênuo. Passou um bom tempo de sua vida pensando que a Globo só existia no Brasil, assim como a coca e outras coisas. Tudo era único pra ele. Outros países só existiam no papel e nessa idade papel não era lá grande coisa. Os universos que imaginava eram os relevantes. Neles cheque não era dinheiro e todos tinham nascido em natal, devido a pergunta “Qual é sua cidade natal?”.

Nesse dia, atualmente reavivado em minha memória, ele sofrera transformações únicas em sua vida. Estava debruçado na cama dos pais com os pés no chão quando sua mãe adentrou o quarto e tirou da bolsa uma caixa de plástico com uma foto de um moço deitado de terno na capa. O nome do disco era colorido e escrito em forma de assinatura, Thriller. Pois é, meu primeiro cd!Meu amor por música é impossível de ser descrito e minha admiração pelo MJ também, até porque ele foi meu primeiro grande ídolo musical.

Foram incontáveis as tarde onde fui a Shopgame alugar o jogo dele para o megadrive. Incontáveis as vezes também que ficava dando especial só pra ver ele dançar, mesmo que isso atrapalhasse salvar a mocinha, suposto objetivo do jogo. Ou então, as vezes que discuti com minha amiga de infância, Bárbara, quem era o melhor MJ ou Madonna. Tivemos uma época de fazer club´s e certa vez cheguei dizendo que faria um novo,ela imendou na hora "mas não é mais um do MJ,não é?".


Eu realmente ignorava a natureza humana dele, alguém que fazia moonwalk e inclinava o corpo tão intensamente não podia ser um humano normal. Era como mágica que ao descobrir o segredo a graça desaparece e, por isso, eu não fazia questão de saber a natureza do rapaz. Esse fora o motivo da demora que tive pra entender o fato. Liguei a tv e disse "Eita, MJ morreu!", mas na cabeça passava algo do tipo "E ele era real? Mortal?"

É triste saber que um dos seus ídolos infantis morreu e que outros vão morrer. O fã quando mais jovem é muito diferente. Pra ele nenhum ser humano parece poder fazer algo parecido com o que seu ídolo faz. Eu era assim com o MJ, e continuo achando que ele será único.


VARCELLY







quinta-feira, 25 de junho de 2009

O dia do juízo final

“Amor, precisamos conversar.
Na sua casa ou na minha?
Ok. Na sua então.”

Silêncio.
A porta abre levemente.
Você vestindo a famigerada feição.
Eu pálido meio manco ou sem jeito,
difícil diagnosticar corretamente.

Hoje não temos assunto.
Incubara aquele tão esperado.
Nossas línguas travaram,
não pudemos esperar mais do que poucos minutos.
Saímos.

Andávamos em direções opostas,
circulando e nos cruzando meio mortos, meio surdos,
já duvidando que não houvesse mesmo assunto.

Na ausência de um, com certeza, já teríamos partido.
Não gastaríamos olhares constrangedores à toa.

Paramos face a face.
Próximos demais.
A raiva não agüentaria tamanha tentação.
Empunhamos nossos braços como espadas acima de nossas cabeças,
deixando-os cair vorazmente em direção ao outro

Os golpes foram frenados bem antes do trágico destino.
Você percebera algo em meu rosto.
Algo como uma fissura em plena máscara.
Eram meus olhos!

Você os olhava fixamente.
Aquele desenho arqueado e estreito
era próprio de outra situação.
Sem hesitar conferiu nos meus lábios
Ele estava lá.

Abracei-a fortemente depois de sussurrar em seu ouvido
“Brincadeira!”
Com aquela alegria própria de nosso relacionamento
Você resmungando me golpeava levemente
“Era bom que eu tivesse batido pra você nunca mais brincar desse jeito.”


VARCELLY


segunda-feira, 22 de junho de 2009

Fato


Passos.
Sim, nossos passos se confundem com a chuva lá fora.
Ainda não sei ao certo aonde vamos,
mas fato é que já chegamos.

É frio e convidativo ao mesmo tempo.
Tempo chuvoso e ainda refrigerado pelo condicionador de ar.
Tempo de nos aproximarmos, confrontando essa certeza.

Não sei ao certo por quais ruas ou atalhos me levou.
Fato é que gosto de está.
Fato é que aqui estou
mesmo sabendo ser o conforto desse local oriundo da nossa presença
ou talvez motivado justamente por isso.

Algumas pessoas insistem em tentar compartilhar nosso aconchego
mera ilusão, falta-lhe o principal,
serem iguais a nós!
Nós frouxos!
Nós bem feitos
que permitem tortuosas longas viagens com destinos terminais exatos.

Seguro nunca pela mão
Seguro por gostar desse aconchego
Aconchego transeunte
Transeunte insistente seguidor de nossos passos
Passos?!?
Passou!

TAC
TAc
Tac
tac
tac
tac
tac



VARCELLY


quinta-feira, 18 de junho de 2009

Opa, mais coisa nova.

É pois é,agora vocês podem ver os vídeos sem ter que ir ao youtubA. hauahua Era um pouco de ignorância minha mas tudo bem. Problema resolvido e vídeos incorporados. Inclusive, obrigado ao Jota por te me ajudado com isso.

Vamos agora as instruções de uso. Os vídeos não estão ai por acaso,são trilhas para os textos. Fique à vontade para ouví-las ou não. Todavia, vejo os textos muito mais completos com elas. As músicas ou estavam tocando enquanto eu escrevia ou foram associadas posteriormente aos textos por semelhança de assunto ou por uma lembraça. Ou seja, tudo conectado.Certo?

Espero que gostem das novas facilidades e as utilizam da melhor maneira possível.O texto de hoje está logo abaixo. Boa leitura.

Malandro

O malandro é uma figura tão bela que seria pura ousadia tentar coloca-la por completo nesse texto, por isso aviso aos mais exaltados, não o farei. O que venho questionar aqui é a inveja sofrida por esse. Na literatura, por exemplo, quantos malandros se dão bem? Poucos. No cinema então nem se fala. Ele sempre aparece no começo das histórias como alguém que tem de ser concertado. Mas por que? Desde quando ser malandro é ser ruim. Está certo que diante de nossa sociedade e de seus padrões ele destoa um pouco, no entanto penso ser essa a graça. Enquanto, a maioria dos solteiros está meio triste em casa com a data, ela pega três na mesma noite e ainda saí rindo.

É, pois é, malandragem não é peça única do vestuário masculino. Elas usam e usam bem. E em última análise é muito mais bonito nelas, a sensualidade junta com a insinuação e com a beleza são uma combinação destruidora, até mesmo para o malandro do outro lado. Porém, a grande vantagem dele quando junto dela é que, assim como ela, ao final ele ri e vai embora morto de feliz. Os socialmente enquadrados sofrem e choram ao saber de suas proezas posteriores ou anteriores a eles.

O medo criado pela sociedade do malandro é que ele é muito bom para ser visto numa vitrine, é ótimo para desfilar e curtir por uma noite, porém passa uma idéia de muito bom para ser verdade. Ou seja, faça o jogo dele e tire proveito disso também. Caso você queira criar outras regras e tentar impô-las a ele ficará exaltada devido à insegurança total. Ele “seguirá” sua regra ou estará apenas jogando com a agradabilidade? Desde que o conheceu não houve um momento se quer que tenha tido raiva dele. Ele só te traz sorrisos e só te dá sorrisos.

Por que as pessoas descrêem da felicidade que têm? Malandragem combina com relacionamento monogâmico? Sim e por qual razão não combinaria? O malandro não é galinha ou não precisa ser. Ele só aproveita todas as oportunidades que lhe são favoráveis. Defensor ferrenho da liberdade, essa é de fato a grande namorada a qual nunca será excluida pela presença de outro relacionamento. E por qual razão relacionamento monogâmico é visto como prisão? Por que as pessoas acham que podem tomar conta de cada passo das outras e chamam isso de sentimento? Isso é sim um sentimento só que o nome dele é neura.

Caso você esteja com um malandro próximo a você aprenda com ele a curtir cada momento que tiverem juntos, não tente destruir a razão dele de viver, liberdade, e fique segura de si, naquele momento, que é o que realmente importa, ele é exclusivamente e totalmente seu ou sua.


VARCELLY