terça-feira, 22 de setembro de 2009

A morena que roubou meu coração numa tarde

"Como lembrar de você e não sorrir
Como falar de você e não cantar
Como saber se é certo sonhar com você"

Estava tudo pronto para a volta era meu último dia naquele resort. Tinha ido passar as férias lá junto a minha mãe e conhecera um grupo bom da mesma idade que eu. Salvo engano eram duas meninas e um garoto. Passávamos o dia zanzando pelas dependências do hotel e a noite nas festas e eventos organizados também pelo hotel.

No entanto, o relevante da história é na verdade a. Voltava, junto com meu amigo, de mais uma manhã nas piscinas no ônibus do resort, gratuito a cada hora, e a vi. Era uma morena linda com traços orientais, mais ou menos da minha altura e de cabelos negros e molhados. Na verdade eu vi e me detive a princípio na amiga dela, que fora mais simpática as minhas brincadeiras. Marcamos de nos encontrar todos na boate ao anoitecer, onde conversaríamos melhor e mais intimamente.

À tarde eu voltei ao complexo aquático e para minha surpresa encontrei as duas garotas novamente, porém dessa vez a morena estava tão imensamente linda que não a reconheci, até porque havia conversado mais com a amiga dela, a princípio mais bela. Não tenho nenhuma recordação de onde estava o chão daquela banca de revista quando a encontrei lá dentro. A mulher estava com os cabelos arrumados e soltos, um sorriso insinuador no rosto, uma roupa leve que balançava com as investidas do vento e escorreu pela porta de saída, depois de algumas poucas palavras, graciosamente.

Cheguei ao apartamento, tomei banho para retirar o cloro do corpo e me deitei um pedaço, visando à noite por vir. Acordei, tomei novamente banho e me vesti. Antes da boate encontraria o pessoal num evento do hotel, que fui acompanhado de minha mãe. Mal cheguei encontrei o pessoal e já estava louco pra sair. Ficamos naquele impasse, mas depois de um tempo conseguimos partir em direção as piscinas. Fomos os quatro, meus amigos e eu. Chegando às piscinas ouvi ao longe o som de um violão, começara então a série de desencontros.

Até então tudo era desencontro, afinal fazia três dias que eu rondava aquelas piscinas dia e noite e não a encontrara até esse dia, logo o último. Mas também, nesse dia somente, eu a havia encontrado duas vezes seguidas. Como era possível? Não sei! Como eu não a tinha notado antes? Não sei!

O som do violão me atordoou. Corri carregando o grupo inteiro para a roda de outros jovens que ali tocava. Lá ficamos um bom tempo tocando e falando besteira. Até que no meio de uma música me veio à cabeça a imagem da morena. Como eu podia tê-la esquecido? Já estava na hora da boate e eu não tinha percebido. Larguei o violão na mão do dono, que mal conhecia, e sai correndo sem dizer nem um mero tchau a meus amigos. Cheguei à boate e lá estava ela, dançando numa roda de amigas. Entrei como se nada tivesse acontecido e comecei a conversar com elas. Com pouco tempo o meu amigo, presente no ônibus quando as conheci, chegou e se integrou ao grupo.

Tudo estava ótimo até as meninas, que passei maior parte do tempo nesses três dias, chegarem dizendo que pegariam o ônibus para o hotel, pois o vôo delas sairia agora de madrugada. Novamente sem dar tchau, sai da roda das garotas novas, incluindo a morena, e fui deixar as minhas amigas na saída do ônibus. As deixamos e poucos segundo depois veio o estalo, “CADÊ AS GAROTAS?!”. Corremos o complexo inteiro de cima abaixo sem sucesso. Tristes, paramos perto do ponto de saída dos ônibus e depois de nos conformarmos achando que não as veríamos mais, viramos para trás e lá estavam todas na lanchonete. Provavelmente, assistindo de camarote o nosso desespero atrás delas e há essa hora já não éramos tão interessantes como a princípio, estávamos mais para garotos imaturos.

Entramos e sentamos. Era fascinante o poder que ela tinha sobre mim. Eu só conversava com ela, trocava algumas meras palavras com as outras. Depois de alguns assuntos elas anunciaram que partiriam. Ainda tentamos pedir que ficassem algumas pareceram aceitar o convite, mas a mais velha ordenou que fossem pra os apartamentos. Em meio a dois beijinhos me despedi dela e nunca mais a vi.

Apaixonei-me por um intervalo de uma tarde e parte da noite, com três meros encontros casuais. No outro dia pela manhã antes de ir embora, pensei ainda em passar no hotel dela e deixar um bilhete, pois em nosso primeiro encontro a vi descer do ônibus, todavia eu não tinha o número do quarto e minhas descrições poderiam não ser suficientes para o recepcionista. Voltei para Brasília. O meu coração ficou com ela em Caldas Novas. Só me restou à lembrança do beijo que nunca provei e da imagem de uma das mulheres mais belas que já vi na vida.



VARCELLY

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