quinta-feira, 30 de julho de 2009

Carlota

A noite cobria com seu manto sua casa
O relógio bate duas da manhã
Ele se levanta assustado
Deitou-se as seis,
no entanto, ainda sim, não era tempo de acordar

Poucos segundos se passaram até a lembrança reviver,
a angústia o acordara
Desejava febrilmente sentir aquele calafrio
companheiro da noite no Salão

Encheu a banheira
Organizou três sacas de gelo picado,
lançando-as consecutivamente no banho
Despiu-se, sentou-se e assim ficou um bom tempo
Quando percebeu que já não sentia tanto frio
abandonou o banho e parou no sobrando

O vento gélido da madrugada percorria seu corpo molhado
Então vieram crescentes
Um,
Dois,
Três calafrios
Mas nenhum comparado ao do Salão

Voltou ao banheiro
Tentaria mais uma vez
Ligou o chuveiro com água quente,
lançou-se de baixo

A princípio um leve tremor,
todavia, a água quente só lhe deu esse de bom grado
Em seguida, cobriu-lhe com um manto de ternura,
ele aproveitou esse deleite

Desistiu
Não conseguiria tal sensação em sua casa
Só havia um porquê.
Aceitou o veredicto enquanto se arrumava
Os calafrios eram produzidos pela lembrança
da morena com quem dançou no Salão
Não eram calafrios comuns

Sorrindo,
elegantemente vestido
foi tragado pela morena imagem até o Salão
onde a Milonga o concederia o mundo necessário
para acalentar seus desejos



VARCELLY


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